Essa semana fui surpreendida (?) por uma inesperada (?) reportagem (?) da revista VEJA sobre a UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (?), instituição na qual atualmente estudo, e também sobre outras instituições federais que nasceram durante o governo Lula. O que percebi claramente,sem precisar de uma leitura mais apurada, foi a tentativa de denegrir ações do atual governo no que tange a construção de novas universidades federais no país. É nítida a posição política anti-lulista da revista em questão,assim como também é óbvio que afirmações como as da reportagem acabam por fortalecer a oposição, o que é algo natural dentro de um país pseudo-democrático (ou democrático, ao menos nos liames constitucionais). Não sou pró nem anti nada, mas precisava desabafar sobre a matéria em questão simplesmente porque ela, pra defender um ponto de vista (não importa qual seja ele), omitiu informações cruciais para a compreensão do processo de formação da UFRB e de sua conjuntura no recôncavo baiano. O que me faz ficar mais indignada com o texto publicado é que ele atropelou verdades pra dizer algo que não necessariamente é uma verdade. E não é esse o jornalismo que eu espero dos meus colegas "comunicólogos".
Ah sim! Minhas interrogações! Vou explicar: as duas primeiras é porque não posso considerar uma total surpresa com a matéria; a terceira é pela irresponsabilidade das informações que me fazem questionar a classificação dela como um texto jornalístico; a quarta não é porque duvido da instituição, mas porque a revista a "recortou", limitando uma universidade de quatro centros de ensino em cidades diversas ao campus de uma única cidade.
Eu passei boa parte da minha infância e adolescência na cidade de Cruz das Almas, e vi todos os estágios da UFRB até ela se tornar o que é hoje. Eu vi a tentativa de desvinculação da antiga Escola de Agronomia da UFBA, visando a conversão em Universidade Federal de Cruz das Almas - UFCAL (sim, querida Roberta de Abreu Lima: o que hoje você hoje conhece como UFRB foi a antiga Escola de Agronomia da UFBA, que saiu de Salvador e veio pra essa "cidadezinha obsoleta e de poucos habitantes". E não voltou mais pra capital, por algum bom motivo). E vi com muita alegria o que era um único curso conseguir se erguer numa universidade federal que serve à toda população do Recôncavo Baiano e cidades adjacentes àquelas que abrigam os campi, e vejo feliz muitos de meus colegas de ensino médio poderem concluir o ensino superior. Pois bem. Antes de falar asneiras, a jornalista deveria ao menos ter pesquisado sobre a UFRB no próprio site da instituição. Deveria ter se informado mais e descoberto que a população estudantil cruzalmense é um pouco maior do que a citada texto (em torno de 4.000 alunos no ensino médio... e isso sem contar com os de cidades que ficam a menos de 30km de distância como Sapeaçu, Conceição do Almeida, São Felipe, Mangabeira, Muritiba e outros povoados menores). Deveria ter no mínimo citado os outros três centros de ensino da UFRB em Cachoeira, Amargosa e Santo Antônio de Jesus. Infelizmente, algumas pessoas, ao invés de fazer o que devem pra embasar aquilo que acreditam ser certo, lançam palavras como pedras e acabam caindo na mediocridade. É uma pena.
Tudo bem que seja a posição da supracitada jornalista (e da revista) optar pelo não investimento em novas Universidades em prol de programas como o PROUNI, que dão bolsas em instituições particulares de ensino superior. E tudo bem que isso possa desencadear no enfraquecimento do ensino superior das academias públicas, favorecendo cada vez mais o sistema de mercantilização da educação. Tudo isso é apenas uma questão de posição política e ideológica, e cada um tem direito ao livre pensar. Mas jogar sujo e fazer uma reportagem (retorno à interrogação ???) que não tem sequer a dignidade de esclarecer as coisas como elas realmente são só faz com que pessoas que estão fora do contexto do Recôncavo da Bahia possam reprovar a universidade tomando como absoluto tudo que foi dito. Ainda temos grandes problemas a serem resolvidos por aqui: estrutura, corpo docente, maior produção científica... mas a UFRB mal acabou de nascer, e é natural que tenha problemas pra aprender a andar sozinha. Será que é só de críticas infundadas que precisamos? (VEJA você... mas com olhos mais apurados).